sábado, 29 de novembro de 2008

Não falte!Não falte-se. Não se falte em você.

Falta algo que sempre falta no peito de alguém que se cala.
E quando passo com passos lentos, escuto corações frágeis batendo, sinto olhares desabrigados, amores pequenos, tudo que perece ao coração dessa gente carente de sonhos.
Faz falta o que me falta.
E o que de lá se falta, sucumbe ao que daqui falta.
Quando não falta eu sinto falta.
Não há completude.
Só essa imensidão que me foge e perpetua no vago segundo.
O que falta nos sons é o coração.
O que falta nos olhos é o coração.
O que do paladar foge o olfato envolve,
O que o olfato envolve o paladar escolhe.
E lá o que falta se perde
Como nos sons imaginados,
Como nos versos esparr - amados,
nos olhos inebriados e no amor abandonado nesse escrito inesperado num momento presente de insônia enfastiado.
Eu espero que falte para que meus dias imortalizem-se. Para que eu me ocupe em procurar.
Falta nesse segundo, o sono. Procurarei-o já.
Sinto-me viva, forte, frágil, eu. Sinto algo que se cala, mas não perco os sonhos.
Sinto falta daquilo que escassa quando não há, pois quando falta é porque foi, vai, vem, fica.
Veio. O sono.
É preciso e na verdade sempre esteve lá, do lado de cá.

4 comentários:

Rafael Ribeiro disse...

Lisbelisa, que belíssimo poema acabo de ler! Belissimamente enigmático, sonoro, dilacerante, angustiante, com um ritmo envolvente e uma gostosa peraltice com as palavras.Amei também seu nome, Lisbelisa, flor de lis bela Isa!!!
Abraços!

Neto disse...

Sempre falta, as vezes dói, mas as vezes é legal.
A gente escuta as batidos quase compassadas do coração, e as frequencias estéricas da mente, tão inconveniente. O que falta? Falta entender que não conseguiremos ser completos, nem no fim serems, nem no amor, porque se alma está completa, o corpo não, a mente nunca. Ora me falta a voz, ora o silêncio. Grito e calo com a mesma intensidade. Sinto falta de coisas que sei que posso ter, e de coisas que não sei, como quem espera alguém que não conhece, que sabe que não poderá tocar. Mas sei que a falta é parte da vida, de mim, me construo também na falta. Sei também que faço muito em não faltar, em não me faltar, e que tenho que ser atento a isso.

Isabela disse...

Às vezes precisamos sentir falta, talvez para dar valor. Mas falta dói, e coisas doídas são difíceis de aturar. Adorei o texto, adoro você.

Mateus disse...

Falta entender e falta memorizar, pois eu não entendo e não memorizo nada. E você bem sabe disso. A poesia é linda.