sexta-feira, 12 de fevereiro de 2010

Preceito.

Eu o vi. Apaixonei-me imediatamente no instante de uma brusca olhada ao meu redor quando passeava os olhos por aquele local. E o meu olhar perdido o encontrou no meio de tantos que ali estavam. Estava sempre logo atrás de mim em todas as vezes em que estive naquele lugar. E depois que o vi, a minha vida, as minhas vontades mudaram.

E voltei uma, duas, três rápidas vezes para apreciar aquela sua paisagem sem saber ao certo se estaria enganada ou não.

Eu o quis intensamente. Procurei-o na internet, mas não o encontrei. Outras pessoas também deveriam se apaixonar por ele, mas não como eu. Em um dia comum quando voltei na espera de vê-lo, alguém havia o tirado de mim. E meus dias não foram mais os mesmos. Tentei buscar em outros o que eu imaginava que obteria com ele, mas não obtive. Tentei freqüentar o local em busca de outro parecido, no mesmo estilo, mas ele já havia se tornado para mim algo insubstituível.

Em meio a essa decisão, os outros se tornaram e se tornariam apenas outros.

Voltei ao local. Fiz uma pergunta simples e rápida a um rapaz que já me conhecia pelas vezes em que lá fui. E sua resposta foi positiva. Completou ainda que ele era o único, o último e que eu tive sorte. Disso eu já sabia.

Hoje ele é parte de minhas prioridades e não há dúvida de que seria, mas para conhecê-lo melhor precisarei organizar outras coisas. Terminar de conhecer os outros que já se passaram ou que ainda estão na prateleira à minha espera. Mas esse livro em especial me fez sentir algo completamente novo, uma vontade de lutar, correr atrás do que eu realmente tinha certeza de que queria. Algo material, mas que eu sei que será capaz de transcender essa condição e personificar-se na história que ele carrega em suas folhas pretas e brancas. Os 31,90 eu já guardava desde a primeira vez, depois daquele instante. Eu o quis e agora ele está sendo carinhosamente zelado. Não importa o que aconteça não me arrependerei se não corresponder a todas as expectativas, pois elas a gente é quem cria e desfaz. Não importa, tudo começou desde que eu o vi.

E agora eu o conhecerei, o dono dos meus pensamentos, quando eu atravessar a primeira página.

quarta-feira, 3 de fevereiro de 2010

Até tu, Méri?

Méri sabia mais ou menos como era a sensação de missão mal-cumprida ou vontade de fazer voltar o tempo e gesticular, falar, mostrar o que antes não tivera coragem de ousar. Sentiu a todo momento como se as salivas de sua boca tivessem secado e as palavras sido engolidas por sua garganta e embora quisesse ter um guincho para puxá-las não teve e deixou que ficassem presas lá.
Vamos tomar um suco?
As quatro palavras viajaram no fundo de sua alma e retornaram num grito para o mundo todo: Sim, vamos tomar um suco. Sonhou fazer isso, mas foi impedida por suas próprias imbecilidades eufemismadas pela palavra precaução e então não foi um grito longo, mas um breve sim não carregado de vontade nem de entusiasmo nem de alegria e sim, de timidez.
A boca seca, as pernas trêmulas e o medo das palavras desencontradas ou não bem entendidas fizeram-na perder a oportunidade de uma mudança ou ao menos de uma tentativa.
Passaria seus próximos dias sonhando em ser muita coisa, em fazer e falar muita coisa, mas não faria nada, as salivas voltariam a evaporar e os sim’s tornar-se-iam cada dia mais escusos, sua pessoa mais invisível, sem brilho nem suco, sem água nem nada.