sábado, 29 de novembro de 2008

Não falte!Não falte-se. Não se falte em você.

Falta algo que sempre falta no peito de alguém que se cala.
E quando passo com passos lentos, escuto corações frágeis batendo, sinto olhares desabrigados, amores pequenos, tudo que perece ao coração dessa gente carente de sonhos.
Faz falta o que me falta.
E o que de lá se falta, sucumbe ao que daqui falta.
Quando não falta eu sinto falta.
Não há completude.
Só essa imensidão que me foge e perpetua no vago segundo.
O que falta nos sons é o coração.
O que falta nos olhos é o coração.
O que do paladar foge o olfato envolve,
O que o olfato envolve o paladar escolhe.
E lá o que falta se perde
Como nos sons imaginados,
Como nos versos esparr - amados,
nos olhos inebriados e no amor abandonado nesse escrito inesperado num momento presente de insônia enfastiado.
Eu espero que falte para que meus dias imortalizem-se. Para que eu me ocupe em procurar.
Falta nesse segundo, o sono. Procurarei-o já.
Sinto-me viva, forte, frágil, eu. Sinto algo que se cala, mas não perco os sonhos.
Sinto falta daquilo que escassa quando não há, pois quando falta é porque foi, vai, vem, fica.
Veio. O sono.
É preciso e na verdade sempre esteve lá, do lado de cá.

quinta-feira, 20 de novembro de 2008

Verbo, invariáveis, valores e emoção.

Fim de ano. Fim de bimestre. Fim de semestre. Fim de contatos que tivemos o ano inteiro com pessoas vindas de fora. Acho muito ruim quando a pessoa inicia o ensino médio em um colégio, passando, posteriormente a outro. Dizem muito: “Cada escola tem um ensino diferente”. As escolas são dotadas de mesmas regras impostas no órgão que as rege. Todas devem ensinar obrigatoriamente, o inglês, Ensino Religioso, Educação Física, Sociologia e agora, aula de música nas escolas públicas. O ruim é que mesmo assim, muitos alunos não sabem aproveitar essa oportunidade. Ano passado tinha o espanhol no colégio, mas tinha que ir à tarde pro colégio. Aí não é questão de não saber aproveitar, é porque era difícil voltar à tarde mesmo. O que aconteceu? Esse ano não foi nos permitido ensino do Espanhol.
As matérias nas escolas são as mesmas. Não tem isso de colégio muito diferente ou muito igual. O ambiente é composto daquilo que o faz parte. Aí sim, pode estar a diferença. Mas depois dirão que todos são iguais. E isso daí já é outra história. Não sejamos sensacionalistas ou o que isso for chamado.
O que influi no comportamento de um professor na sala de aula é o comportamento dos alunos. Não podendo esquecer do que uma professora disse: “Meninos, professor é gente também!”.
Professores querem demais. Professores não estão nem aí. Professores conhecem nossos pais. Professores não sabem nada de nós. Pôxa vida! É claro que sabem. São eles que olham nossas respostas sábias, reveladoras e surpreendentes merecedoras de notas máximas, mas são os mesmos que olham as inevitáveis respostas sem nexo e embromadoras merecedoras de décimo de consolação. Os professores dizem que os alunos que tiram nota ruim são uns folgados por que não tem nenhuma preocupação que o pudesse tirar a concentração. Os professores dizem que os alunos têm preocupações, mas não são nada ameaçadoras que interrompam a capacidade de prestar atenção.
Sou fã de alguns desses mestres. Poucos, mesmo que poucos passam despercebidos em minha memória.
Talvez os que passam despercebidos não tenham culpa ou então isso nem os interessa e nem se lembrem de mim.
Então tente lembrar o nome dos professores desde o Jardim!Confirmará então, que há sempre algum(ns) que a gente não se lembrava há tempos.
As escolas estão cada vez mais instigando a competição entre os alunos. Sempre fui contra isso. Mas como é que a gente diz que é contra, se vive isso todo dia? Dizem que “Amigos amigos, negócios à parte”. Vão dizer também: “Amigos amigos, escola à parte”. Já que na verdade a escola se torna um negócio.
Acho é que competimos todos os dias, não (só)com os nossos convivas e sim com nosso interior. A nossa capacidade não é alterada ou diminuída com a nota de um colega. Notas boas são o resultado de esforço e preparo, atenção e de bem-estar. O bem-estar inclui um monte de coisas: campanha política, separação, namoro, morte. Coisas que acontecem de maneira única, mas que são vivenciadas por todos em algum momento.
Dizem também que a educação é papel dos pais em casa e o papel do colégio é o acréscimo de conhecimento.
Alguém já leu o texto “Educação de Valores e Emoções já!” ? Diz mais ou menos que o
filho comete uma,duas três pequenas faltas. O pai sabe. A mãe e os irmãos, também. A família se cala. A família consente e lá se vão os valores familiares.
O cidadão comete uma, duas, três infrações. O aluno comete uma, duas, três faltas.
A família consentiu. A escola consentiu. A Igreja consentiu. O Governo consentiu. A sociedade consentiu. ....
“Quando se ouviu um grito uníssono da boca do povo brasileiro. – Basta. Não vamos ficar calados mais. Não consentiremos mais. E então surge um novo item na Agenda da Nação Brasileira para o 3º Milênio: - Educação de valores e emoções já!
Na família, na escola e no governo”
... E na verdade, nos corações também.
Meu professor me disse que buscamos incessantemente em algo, a esperança para a salvação do mundo, quando na verdade somos nós os responsáveis pelas duas vertentes: a destruição e a salvação.
A vida da gente acontece todos os dias voltada pra certas coisas invariáveis. Família, escola, estudos, amigos, sucesso. Fala-se mais em Ética em sociedade do que em amor. E onde entra o amor? Ou melhor, onde é que ele se encontra? E se vierem me dizer que falar de amar em sociedade é brega, digo então que esse ou essa daí não sabem nada de valores. E é por essas pessoas que nosso mundo está assim. E como é que o nosso mundo está mesmo?
Por isso, Educação de VALORES e EMOÇÕES,JÁ!Até a próxima!

Verbo Lembrar mil coisas.

Os acontecimentos bons do sábado ainda estão bem presentes em minha memória. Festa, família, ver pessoas especiais que não via há algum tempo, brincadeiras e fogão a lenha.

Já ouvi muito dizer sobre escolhas. Ouvi dizer que pra obter ou optar por algo sempre haverá renúncia. O próprio verbo optar demonstra certa escolha. Daí me veio a dúvida de que se todas as vezes que buscamos ou conseguimos algo bastante almejado é porque antes renunciamos outro. E também a pergunta do que é que optei e quais eram as alternativas.
Não tenho sabido se tenho renunciado nem escolhido.
Quando penso em lembrar disso, some de minha mente qualquer relação, da mesma forma que os sonhos somem quando passamos a mão em nossa testa ao acordar. Depois me lembro de pensar se eu passei a mão na testa (o que nunca sei) e se ao menos sonhei. Essas lembranças são simultâneas e descontroladas, acho que por serem relativas. De repente estou sentada martelando o que sonhei. E então já não me lembro o que acabei de sonhar nem hoje, nem ontem, nem antes.
Lembrando agora de sonhos, não tenho sabido se tenho sonhado.
E quando digo que não sonho, dizem-me que todo mundo sonha toda noite e que é mais de um sonho. Não me lembro o que sonhei no sábado, mas na manhã de sábado eu lembrava. Agora me lembro bem que passei a mão na testa quando fazia uns sinais do Truco. E por lembrar de truco, passei a tarde de sábado jogando e joguei outras coisas mais. No início da noite, pessoal indo embora - fiquei sem parceiros e oponentes- vi umas quatro meninas de uns seis anos brincando com o baralho, então fui fazer algumas mágicas. Elas pediram pra eu as repetir umas vinte duas vezes, mas não adivinharam. Depois disso tudo, acho que agora vou demorar jogar. Ah, acabo de me lembrar que estamos nas últimas semanas de aula e que o Truco ‘rola solto’. Por enquanto, só nos intervalos, daqui uns dias convenceremos nossos professores a aderirem a nossa causa.
Tenho que parar pra pensar em o que fazer nessas férias. Férias lembram festa, filmes, livros, amigos, viagens e principalmente, fazenda. E fazenda lembra fogão a lenha. Enrolei tanto desde o início do post pra falar que esse final de semana(especificamente no sábado), comi comida de fogão a lenha. Maravilha!

terça-feira, 11 de novembro de 2008

Verbo Ser Você.

É como a mochila vermelha que tenho desde a quarta série;
Como chiclete de menta ou balinha de café.
Como sorvete de chocolate e cobertura.
Como letra no primeiro dia de aula.
Como me fazer sentir tudo aquilo que se sente só no teatro.
Como os livros de política e revolução.
Como quem entende um pouco de tudo e busca sempre mais.
Como quem se pergunta do agora, pensando no amanhã.
Como quem fala com as letras e canta com as palavras.
Como quem sonha sem precisar dormir.
Como quem canta Marvin da maneira mais especial que já ouvi.
Como que procura assim como eu, canções pra fazer viver mais.
Como as músicas que ouço milhões de vezes e depois saber que é recíproco.
Como se personificar num livro do ontem, do hoje e do amanhã.
Como pensar, falar e agir.
Brincar e brincar e brincar.
Como quem escreve livros.
Como quem conta histórias.
Como quem brinca de ser feliz.
Como quem quer pintar seu nariz.
Ser suas lentes de contato.
Um singular sem solidão.
Como conversas no banco da praça.
Como meu ex-professor de Geografia.
Como sandália confortável.
Leve como um vestido e fluido e colorido.
Como metáfora sem comparação.
Ser os programas de Altas horas e Bem Brasil.
Como meu filme infantil predileto.
Como meu filme de aventura melhor.
Como o melhor desenho animado.
Como quem não busca ser melhor nem se julga pior.
Seja o ser sem tentar.
O ser por si se dá.
Como as minhas aulas de Sociologia.
Como os livros de Gramática.
Como meu colégio do Ensino Fundamental.
Como minhas mais apreciadas e queridas músicas.
Como um conto.
Como os rock’s cantados e criados, antes mesmo de serem rock.
Como quem tem sempre um arco-íris na moringa.
Como quem é rei, príncipe e plebeu.
Que combine.
Como quem faz falta.
Como o brilho nos olhos de quem recebe buquê.
Como quem busca aquilo que não tem certeza que há.
Como quem leva os brigadeiros do aniversário pra comer na viagem.
Como sentir os cds e dvds que tem e emprestar em uma sacola os seus prediletos.
Que seja esse encaixe, como de tudo mais um pouco.
Como Metade de amor e a outra também.
Que seja assim, a união das coisas tão mais lindas, infinitas.
E como a vontade que eu tive de lembrar, pensar e transcorrer pra esse blog isso que se faz presente hoje,amanhã e depois, até depois dos infinitos depois..
Sem mais palavras e explicações. Sem hipérboles nem eufemismos desta vez. O verbo ser assim, só se faz uma vez. Pode haver semelhanças, ensaios, buscas. Contudo, pra esse Ser só há o que nele se faz presente. Até a próxima!

terça-feira, 4 de novembro de 2008

Verbo preparado no fogão a lenha.

"Qual é o lugar mais importante da sua casa? Eu acho que essa é uma boa pergunta pra início de uma sessão de psicanálise. Porque quando a gente revela qual é o lugar mais importante da casa, a gente revela também o lugar mais preferido da alma. Nas Minas Gerais onde nasci o lugar mais importante era a cozinha. Não era o mais chique nem o mais arrumado. Lugar chique e arrumado era a sala de visitas, com bibelôs, retratos ovais nas paredes, espelhos e tapetes no chão. Na sala de visitas as crianças se comportavam bem, eram só sorrisos e todos usavam máscaras. Na cozinha era diferente: a gente era a gente mesma, fogo, fome e alegria.
“Seria tão bom, como já foi...”, diz a Adélia. A alma mineira vive de saudade. Tenho saudade do que já foi, as velhas cozinhas de Minas, com seus fogões a lenha, cascas de laranja sobre a chapa, lenha crepitando no fogo, o cheiro bom da fumaça, rostos vermelhos. Minha alma tem saudades dessas cozinhas antigas..." Rubem Alves.


Fogão a lenha me lembra fazenda. Não que ele seja apenas feito pra ficar em fazenda-apesar de que eu não conheça casa na cidade que tenha um.Se a de vocês tiver, me convidem por favor - mas é lá que tive alguns dos melhores momentos de minha vida.
Recordo-me agora das festas de família de alguns anos atrás-período em que a família estava completa com uns vinte tios e cento e tantos primos - dos aniversários dos avós, das tias, dos primos de segundo grau, mas de qualquer forma, o melhor era dos avós.
A fartura começava desde cedo. As mulheres que aqui na cidade acordam sete, oito ou nove horas pra ir trabalhar, lá acordavam cinco ou seis horas da manhã, indo logo pra onde? Adivinhem só: pra cozinha.
Ah, eu dormia pensando nos bolos do café da manhã do dia seguinte.
Engraçado era que quando eu acordava, sentia que tinha me atrasado. Dava pra perceber que por lá havia passado um furacão, ou melhor, grande parte da turma que se encontrava na casa. Porém, poderia me atrasar o tempo que fosse e mesmo assim aquele lugar festivo continuaria atendendo a meus desejos.
Terminado o café eu já queria saber o que seria preparado pro almoço no fogão à lenha.
Cozinha é local onde se preparam bolos. Na verdade, considero-a como um. Vejam só: bolos tem recheios, cozinhas também(sonhos, encantos, pessoas sorrindo, cantando e até gritando. Há recheio melhor que esse?).Alguns bolos são alvo de formigas , as cozinhas também-eu sou uma dessas formiguinhas, daquelas menorzinhas pretinhas mais travessas. Bolos são de vários sabores, cozinhas também, pois passam por lá gente de tudo quanto é tipo e todo tamanho de fome. Bolo tem camadas,cozinha também, pois no decorrer do dias a variedade vai mudando. E assim vai..
Mesmo com os outros fogões a gás, as comidas mais famosas e típicas eram como regra preparadas no fogão a lenha. Tem todo aquele jogo de cintura: pega lenha, coloca lá. Mas tinha que ter gravetos, lenhas maiores ou médias. Passando o tempo tem que ir mexendo a lenha de forma a aumentar ou diminuir o fogo e ainda melhor que isso é panela de -barro com colher de pau, mas tem que mexer fazendo aquele vai-e-vem da colher e da cintura. Ô delícia!
E o fogão a gás? Acende o fósforo, gira aquilo que não sei o nome e pronto. Fogo pronto. Fogo imutável. Fogo previsível. Foguinho.
Fogo de fogão à lenha é inóspito. É bravo. É verdadeiramente vermelho. Imprevisível. Fogão.
Eu reconhecia as pessoas pelo período que elas passavam na cozinha. Quanto mais tempo, mais familiarizada com ela eu ficava. Além do que, entrou em cozinha,tem que trabalhar também. Povo lá conversa bastante, mas trabalha o dobro. Resultado disso tudo: Comida 'deliciosamente maravilhosa'. Comida se faz de carinho também.
Hoje em dia as festas de família diminuíram. Parece que o povo se mudou pra tão longe! Só se consegue juntar todo mundo nas festas de aniversário dos vovôs.
Será que é porque o povo trabalha bastante ou por que os laços se esvaeceram?
Prefiro acreditar na primeira hipótese.
Vou parando por aqui por que a fome já bateu. Aqui não tem fogão a lenha, nem festas de família. Aqui hoje só tem a saudade.
Quanta saudade daquilo que já se foi (bolo com doce com café com refrigerante com arroz com carne assada com feijoada com pamonha com doce de leite com acerola com carambola com família reunida com formiguinhas espertas com riachos e sonhos!)Minha alma tem saudade dessas festas com família reunida e tudo mais. E como disse a Adélia Prado: “Seria tão bom, como já foi”. Não é só alma mineira que vive de saudade. Minha alma também, às vezes. Na maior parte delas.
Bateu fome aí também? Até a próxima!