Errar é humano! Boa frase para início de um
post ou incitação de uma conversa filosófica.
E não é que a Filosofia e Sociologia estão encarnadas nos diálogos e acontecimentos de nosso dia-a-dia! Que a Sociologia está é sabido, mas a presença e diversidade certa da filosofia naquilo que é errado ou não é algo que passa despercebido muitas vezes.
Vou lhes contar uma
historinha com um desfecho não muito feliz!
Meu pai viajara no início da semana e eu havia perdido minha
carona nos três dias seguintes a isso. Horário de verão. Os companheiros na rota pro colégio acostumaram-se a acordar mais cedo que eu e por isso, ia sozinha em meio à escuridão daquelas manhãs.
Nos dias em que isso acontece, eu observo as pessoas que permeiam pelas ruas e dificilmente encontro alguém que também esteja quase atrasado para me acompanhar.
Há sempre duas mesmas mulheres que caminham pela longa subida uns cinco passos atrás de mim, e eu como não tenho interesse de alongar minha caminhada como elas, encurto caminho por uma
ruinha estreita. Elas com seus
tênis estilosos e calças de malha caminham sempre na mesma intensidade dos passos.
Vejo os moto taxistas em seus postos preparados pra iniciar o dia, os poucos carros
trafegando e nem as lojas abertas.
Poucos ciclistas. Porém, esse foi um dia em que eu me chateei por ter que voltar em casa para buscar meus óculos quando estava quase na metade do caminho.
Eu não me
emburrara. Os companheiros haviam passado logo de manhã e eu ainda não estava pronta. Tudo bem! Estava calma,
calmíssima.
Prosseguindo minha caminhada avistei os moto taxistas, as mulheres atletas, umas duas camionetes e dois carros menores passaram ao meu lado. Nenhum conhecido pra me dar
carona. Pouco me importava. O sono que ainda me consumia e a lente dos óculos que me cansava me impediu de apressar. De repente, na subida, um ciclista passa na
direção contrária a mim em uma velocidade de 200km/h(brincadeira!
hehehe).
Impossível eu não arregalar meus olhos e não olhar para trás.
Pensei que seria muito fácil ele cair na descida com a velocidade que estava.
Não deu outra! Fiquei com remorso do que eu havia pensado ou medo da força que os pensamentos têm. Mas a queda era inevitável numa velocidade daquelas e num declive tão intenso. O rapaz caiu e rolou cinco vezes no chão. Apressadas as atletas o socorreram e uma camionete também parou. E não é que a ambulância chegou de imediato!
Ninguém precisava de mim naquele momento e então prossegui minha caminhada com uma feição triste e espantada.
Dois dias depois eu li uma matéria no jornal dizendo o que o filho do senador, um ciclista profissional que viera do Rio de Janeiro passar uma semana de folga havia saído do hospital após cirurgia. Ele rompera os ligamentos do joelho direito quando descia em velocidade mínima, dando espantosamente, cinco voltas no chão. Engraçado como os jornais usam as testemunhas para descrever os acontecimentos. O fato é que agora o rapaz talvez não pudesse correr nunca mais naquela velocidade. Talvez nem pudesse mais correr!Já que os eufemismos são permitidos.
Pois bem, vocês se perguntam aonde é que eu quero chegar.
Toda
ação tem uma
reação.
Isso me fez
refletir sobre a repercussão de nossos erros em nossa própria vida. Excesso de velocidade é um erro. Ainda mais pra quem vive daquilo (
esportes que envolvem carros, motos e bicicletas). E os atletas quando caem e se machucam?...Lembremos de
Daiane dos Santos e Diego Hipólito. Perder um campeonato. E eu me pergunto se para eles o fato de perder será mais sofrido do que o de se machucar? Creio que sim! Seria tão mais fácil estar bem com sua própria consciência sem se preocupar com o que a consciência dos outros diz sobre nós. Se as pessoas fossem julgadas a partir do caminho que percorreram para realizar algo ao invés de serem julgadas apenas pelo resultado final!
E as dançarinas do
Faustão quando fazem algum passo errado ou caem?É um programa ao vivo, não é?
E se os cantores esquecem a letra de alguma música?
E se os motoristas de Fórmula 1 saem da pista?
E se a comida sai salgada ou sem sal em um restaurante?
E se os professores passam alguma informação errada?
E se eu chegasse ao segundo horário?
E se o ciclista tivesse descido mais devagar?
E se os
atores errarem em plena uma apresentação de teatro? Já tive essa dúvida e depois percebi que o primordial é a crença em nossa capacidade e em nossa superação.
Tudo bem que quebrar a perna num
show de equilibrismo vai doer e pode até prejudicar a carreira dessa pessoa por motivos físicos, mas me dizer que apenas o fato de cair é motivo de ser despedido vai contra as leis filosóficas de que Errar é humano!
Seria tão mais fácil se cada erro servisse como impulso de ponto de partida para a tentativa de algo novo ao invés de ser motivo de julgamento e indiferença!
Somos julgados em cada passo! Não esqueçamos que também já fomos ou seremos os juízes em alguma situação da vida!
Duas citações mostram dois dos lados como os erros são vistos..:
Como disse Platão:
Errar é humano, mas também é humano perdoar. Perdoar é próprio de almas generosas! Já minha professora diz: - Errar é humano, mas permanecer no erro é burrice!
Varia e é relativo!
E coitado do ciclista...